21.8.08

sertão

O homem apareceu com aquela faca afiada que refletia vermelho, fez um corte vertical da glote até o estômago e
eu nem me assustei. Os flancos de carne e costelas se abriram e lá dentro era sertão. Noite e frio com um céu
cheio de estrelas e peixes e naquele chão seco cheio de feixes brotavam sussurros.

“Não há vagas aqui” ouviu-se de um rasgo, mas o homem já não podia ir mais embora, o corte fechou e trancado
ficou no vazio que ali de fora parecia tão bonito. A cada respiro um lamento, suspiro, gozo, sorriso, gemido.
No peito outro rasgo, a terra se abriu e ele foi engolido.

No sertão se ouvia baixinho mais um sussurro.

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